quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Olhos que sentem e coração que vê


Hoje em dia as pessoas preocupam-se muito com os carros que têm, com a roupa que vestem, com os restaurantes onde comem, com a casa onde vivem, com o infantário ou escola dos filhos, com as contas ao fim do mês, com a conta do banco a diminuir…

Muitos podem pensar que estas preocupações não sejam legítimas, que as pessoas deviam preocupar-se menos com as coisas materiais da vida.

Eu não penso assim. Eu entendo quando as familias têm que gerir orçamentos que, independentemente dos montantes, sempre se revelam insuficientes.E isso é, de facto, uma grande preocupação. Principalmente em tempos de vacas magras…

Eu não consigo é conceber, muito menos perdoar, quando estes motivos servem de desculpa para a falta de humildade, de bondade, de simpatia, de humanidade, de coerência. Não. Aqui, não há perdão. Nada disto requer cartão de crédito, apenas um pouco de tempo e inteligência.
Hoje em dia, já não há olhos que sentem e coração que vê…Apenas olhos com cegueira temporária (e propositada) e coração que adoece de tanto contar e de tanto se preocupar… Olhos e coração que dormem.

As coisas que nos afligem a alma irão sempre aparecer para nos atormentar, para esta doença não há remédio. Podemos, isso sim, aliviar sintomas abraçando outras causas: ajuda, solidariedade, compreensão, dedicação. Bálsamo milagroso.

Assim, pode ser que ainda consigamos recuperar desta maleita global, que faz com que os olhos deixem de sentir aquilo que o coração já não vê…

Sandra Manso , Outubro de 2009

2 comentários:

Anónimo disse...

Prefiro o nosso mundo onde somos reis e rainhas e não quero o caminho mais fácil, onde se “não os podes vencer, junta-te a eles”. Prefiro o meu círculo feito a três, fabricado de sabe-se lá o quê, inquebrável e gigante. Prefiro assim, o nosso oásis, nesta terra de intrigas e inveja, onde cada sorriso não é forçado e cada lágrima não foi em vão. Escolho este nosso mundo, assim o vejo, onde a regra é, o menos bom não se sobrepõem ao encantador. Onde temos o nosso idioma e as nossas músicas. As nossas brincadeiras e pequenas coisas. Onde cada dia tem um historia. Onde estamos nós.
E não peço muito. Não peço quase nada. Que não nos falte a alegria e saúde, bondade e a serenidade para saber escolher. Mas acima de tudo, que estejamos juntos. Porque este círculo, por vezes parece abanar, mas não quebra, porque não foi feito de grandes golpes de sorte que raramente acontecem, mas sim por pequenas coisas, que acontecem todos os dias.

Emmy disse...

:-)